UX Design, Estética e a Psicologia do usuário

Quando um design visual é agradável, ele pode levar as pessoas a ignorar ou relevar pequenos problemas na experiência. Esse fenômeno psicológico é conhecido como Efeito da Estética-Usabilidade.

O Efeito da Estética-Usabilidade descreve a tendência dos usuários de perceber produtos visualmente atraentes como mais utilizáveis. Há uma inclinação natural nas pessoas para acreditar que coisas que possuem uma melhor aparência funcionarão melhor – mesmo que, na realidade, não sejam mais eficazes ou eficientes.

Impacto na experiência do usuário

Uma resposta emocional positiva ao design visual torna os usuários mais tolerantes a pequenas falhas de usabilidade. Esse efeito é um dos principais motivos pelos quais uma boa experiência do usuário não pode ser apenas funcional. Um design visual atraente não se trata de um “nice to have”; pelo contrário, desempenha um papel fundamental no modo como os usuários percebem o produto.

O sucesso da Apple exemplifica perfeitamente como a atenção à estética gera uma vantagem competitiva.

Limitações do Efeito da Estética-Usabilidade

Há limites para o Efeito da Estética-Usabilidade. Embora um design bonito possa fazer com que os usuários tolerem pequenos problemas de usabilidade, não é suficiente para compensar os grandes.

Exemplo

Durante um teste de usabilidade, um participante visitou o site da Arcadis, uma empresa de consultoria. Havia fotos grandes de fundo em muitas páginas do site.

Inicialmente, o participante apresentou uma resposta positiva em relação à estética do site: “A primeira coisa que fiz ao entrar nesta página foi ver esta imagem linda e colorida”.

No entanto, depois de enfrentar dificuldades para concluir várias tarefas, o participante reconsiderou sua opinião sobre o design: “Sinto que a tela inteira sendo tomada por isso é incrível uma vez… E provavelmente irritante na segunda vez”.

A Arcadis utilizou imagens grandes e atraentes em todo o seu site. Um participante do estudo gostou das fotos num primeiro momento, porém acabou se aborrecendo com a pequena quantidade de informações no site quando não conseguiu encontrar o que procurava.

Forma e função devem atuar juntas. Quando produtos apresentam graves problemas de usabilidade ou têm sua funcionalidade sacrificada em favor da estética, os usuários geralmente perdem a paciência.

Uma breve história do Efeito da Estética-Usabilidade

O Efeito da Estética-Usabilidade foi investigado pela primeira vez no campo da interação humano-computador em 1995. Masaaki Kurosu e Kaori Kashimura, pesquisadores do Hitachi Design Center, testaram 26 variações de uma interface de caixa eletrônico, pedindo aos 252 participantes do estudo que classificassem cada design quanto à facilidade de uso e ao apelo estético.

Eles encontraram uma correlação mais forte entre as avaliações dos participantes a respeito do apelo estético e a facilidade de uso percebida do que entre suas avaliações acerca do apelo estético e a facilidade de uso real. Kurosu e Kashimura concluíram que a estética de qualquer interface exerce uma influência significativa sobre os usuários, mesmo quando tentam avaliar a funcionalidade do sistema em si. Em seu livro “Design Emocional”, publicado em 2004, Don Norman explora esse conceito de maneira aprofundada, aplicando-o a objetos do cotidiano.

Conclusão

Investir em interfaces esteticamente agradáveis é recompensador. Designs visuais que atraem os usuários também fazem os sites parecerem organizados, bem projetados e profissionais. Os usuários são mais propensos a experimentar um site visualmente atraente e demonstram maior paciência com pequenos problemas.

Contudo, esse efeito é mais intenso quando a estética complementa e aprimora o conteúdo e a funcionalidade. Além disso, ele frequentemente influencia os comentários dos usuários durante as pesquisas. Como sempre, o designer deve se atentar não apenas ao que os usuários dizem, mas também ao que fazem.

Texto originalmente publicado em https://www.nngroup.com/articles/aesthetic-usability-effect/.

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