O principal objetivo do Product UX Designer é desenvolver experiências do usuário fluidas e agradáveis que supram as necessidades e pontos de dor (“pain points”) dos usuários. Para isso, é fundamental que tenha um entendimento profundo dos fatores comportamentais que influenciam as ações deles. Um framework eficaz para ajudá-lo a compreender esses aspectos e projetar mudanças de comportamento é o Modelo COM-B. Este artigo tratará sobre o que é o Modelo COM-B e como o designer pode aproveitá-lo para aprimorar seu processo de design, apresentando exemplos práticos.
O que é o Modelo COM-B
Desenvolvido por Susan Michie e colaboradores, o Modelo COM-B é um framework abrangente para mudança de comportamento. Ele oferece uma abordagem estruturada para entender e persuadir o comportamento humano, dividindo-o em três componentes-chaves: Capacidade, Oportunidade e Motivação (COM).
- Capacidade: diz respeito à aptidão física e psicológica de uma pessoa para realizar o comportamento. Inclui habilidades físicas e mentais, conhecimento e compreensão necessários para a ação desejada.
- Oportunidade: engloba todos os fatores externos que possibilitam ou inibem o comportamento. Pode envolver influências ambientais, recursos disponíveis, normas sociais e o contexto em que o comportamento ocorre.
- Motivação: é a força motriz que influencia a decisão de um indivíduo de se envolver em um comportamento específico. Abrange reações emocionais, crenças, desejos e objetivos pessoais.
O designer pode empregar o Modelo COM-B a fim de identificar quais desses componentes possivelmente estão faltando ou precisam ser otimizados para estimular os usuários a adotarem os comportamentos desejados.
Utilizando o Modelo COM-B em UX Design
Capacidade
Exemplo: aplicativo de aprendizagem de idiomas
Suponhamos que um designer esteja desenvolvendo um aplicativo de aprendizagem de idiomas. Para abordar o componente Capacidade, ele deve avaliar se seus usuários possuem as habilidades e conhecimentos necessários para aprender um novo idioma de maneira eficaz.
É importante que o designer:
- ofereça lições bem estruturadas e curtas para atender usuários com diferentes níveis de proficiência no idioma;
- incorpore elementos de gamificação para melhorar a retenção do aprendizado e tornar o processo envolvente;
- forneça prática de pronúncia usando tecnologia de reconhecimento de fala para aprimorar as habilidades de comunicação oral.
Oportunidade
Exemplo: wearable (dispositivo vestível) de monitoramento de condicionamento físico
No caso de um wearable de monitoramento de condicionamento físico, o componente Oportunidade se concentra em como os usuários podem integrar facilmente o dispositivo em suas rotinas diárias e como o ambiente apoia seus objetivos relacionados à forma física.
É importante que o designer:
- garanta sincronização perfeita com smartphones para fornecer dados em tempo real e feedback personalizado;
- utilize notificações push para lembrar os usuários de suas metas de condicionamento físico e incentivá-los a agir;
- agregue recursos de compartilhamento social para promover uma comunidade de incentivo à boa forma física e impulsionar a motivação.
Motivação
Exemplo: aplicativo de meditação
Imaginemos que um designer esteja projetando um aplicativo de meditação e o principal desafio seja manter os usuários motivados a praticarem meditação de modo consistente.
É importante que o designer:
- empregue acompanhamento de progresso personalizado e emblemas de conquistas para comemorar marcos e manter os usuários envolvidos;
- implemente sessões de meditação guiada lideradas por especialistas renomados para reforçar a sensação de realização dos usuários;
- utilize notificações push com afirmações positivas para elevar o ânimo dos usuários e preservar sua motivação.
Principais conclusões
O Modelo COM-B se destaca como uma ferramenta poderosa para os Product UX Designers compreenderem os aspectos fundamentais que influenciam o comportamento do usuário. Ao examinar os componentes Capacidade, Oportunidade e Motivação, é possível adaptar os designs para que correspondam às necessidades e desejos dos usuários, impulsionando, assim, mudanças de comportamento e favorecendo uma experiência do usuário mais satisfatória. Vale ressaltar que uma aplicação bem-sucedida do Modelo COM-B demanda avaliação contínua e melhorias iterativas de forma a assegurar que o produto estimule efetivamente os comportamentos desejados.
Texto adaptado de https://medium.com/psychology-of-design/leveraging-the-com-b-model-a-guide-for-product-ux-designers-cd4f00c412e4