A Geração Z nos Estados Unidos está redefinindo o mercado de consumo com hábitos que vão muito além do impulso ou da estética. Seus comportamentos revelam padrões complexos de tomada de decisão, moldados por contexto digital, valores sociais e economia cognitiva.
Embora possa parecer algo distante do trabalho do UX Design, quando o foco é o design estratégico voltado para e-commerces e o consumo online, esse aspecto pode ter um papel bastante relevante.
Os dados mais recentes revelam que essa geração prioriza experiências personalizadas, informações contextualizadas, reconhecimento social e facilidade nas interações digitais. Marcas que entendem esses fatores psicológicos têm uma vantagem significativa para construir produtos, serviços e interfaces eficazes e emocionalmente conectadas.
A seguir, veja os principais comportamentos da Gen Z em 2024, e o que eles revelam sobre percepção, motivação e expectativa.
1. O Guarda-Roupa como identidade
Jovens adultos da Gen Z estão mudando de casa, começando carreiras e renovando completamente seus estilos pessoais. Esse comportamento está diretamente ligado ao viés de exibição social, que leva humanos a buscarem validação por meio da aparência e dos objetos que consomem.
Com 64% mais propensos a querer que os outros notem o que estão vestindo, esses consumidores investem em marcas como Madewell, Abercrombie & Fitch e Urban Outfitters, integrando vestuário à construção de identidade. No UX Design (Design de Experiência do Usuário), isso aponta para a necessidade de interfaces que reforcem individualidade e reconhecimento em tempo real.
2. Adoção Afetiva: pets como prioridade
A posse de animais de estimação está crescendo entre jovens que ainda não alcançaram a compra de imóveis. Isso se conecta ao viés de substituição emocional, em que vínculos afetivos se tornam alternativas acessíveis à estabilidade patrimonial.
A crescente demanda por produtos e seguros para pets revela que designs centrados na empatia e na antecipação das necessidades emocionais do usuário têm maior probabilidade de gerar engajamento e fidelidade. Plataformas como Chewy estão aproveitando esse movimento com algoritmos e experiências personalizadas baseadas em comportamento e preferência dos pets.
3. Fidelidade Estratégica e Recompensa
Embora apenas 43% da Gen Z nos EUA se considerem fiéis a marcas, programas de recompensa estão se tornando decisivos em categorias como viagens e hotelaria. Isso demonstra um viés de reciprocidade, onde o usuário valoriza mais o que recebe em troca de sua atenção e lealdade.
A adesão a programas de fidelidade cresceu 15% em um ano, e a valorização de pontos como critério de decisão aumentou tanto em compras online quanto presenciais. Interfaces que reforçam benefícios acumulados e personalizam ofertas com base no histórico do usuário ganham força nesse cenário.
4. Espera estratégica e busca por oportunidades
A Gen Z está disposta a esperar pelo momento certo para consumir, comportamento impulsionado por autocontrole aprendido durante períodos de instabilidade econômica.
Mesmo assim, a impulsividade persiste em ambientes sociais digitais, com destaque para plataformas como TikTok. Isso revela um paradoxo entre compra racional e estímulo emocional, o que reforça a importância de designs que equilibram conteúdo informativo com chamadas à ação visualmente envolventes.
5. Abertura ao uso de Inteligência Artificial (IA)
Mais da metade da Geração Z americana usaria IA para comparar preços, e um terço a utilizaria para suporte a dúvidas. Isso revela uma aceitação maior de interfaces inteligentes, preditivas e assistivas, com foco na redução de fricção cognitiva.
A valorização de chats ao vivo e assistentes virtuais é indicativo de que designs que antecipam necessidades, como propõe o design antecipatório, são bem-vindos, desde que mantenham a sensação de controle e transparência.
6. Esportes e entretenimento como comunidade
Com o crescimento de fãs da NFL, Fórmula 1 e eventos como o Super Bowl, o comportamento da Gen Z evidencia um viés de pertencimento. Marcas que se associam a grandes eventos e criam narrativas personalizadas dentro dessas plataformas capturam atenção e constroem relevância emocional.
O aumento do interesse por apostas e experiências relacionadas ao jogo mostra que há espaço para designs que combinam gamificação, recompensas e tempo real, sem comprometer a responsabilidade.
7. Informação global, consumo local
O interesse crescente por notícias internacionais reflete a valorização da informação contextualizada e confiável. Mais de 60% da Gen Z americana desejam acesso a notícias políticas globais, enquanto 68% defendem a checagem de fatos por fontes independentes.
Essa busca por múltiplas perspectivas influencia decisões de compra, levando ao boicote de marcas que não alinham discurso e prática. Interfaces que comunicam valores, responsabilidade social e transparência estão mais bem posicionadas para conquistar esse público.
Conclusão
A Geração Z nos Estados Unidos não compra apenas produtos. Ela compra identidade, contexto, valores e reconhecimento. Cada interação com uma marca é avaliada não apenas pela usabilidade da interface, mas pela qualidade da experiência psicológica oferecida.
Para construir produtos relevantes para esse público, o UX Design (Design de Experiência do Usuário) deve incorporar princípios de psicologia aplicada, como priming, reciprocidade, simplicidade cognitiva e construção de pertencimento.
O livro “Enviesados”, de Rian Dutra, é uma leitura indispensável para profissionais que desejam dominar essas estratégias. Nele, é possível entender como decisões invisíveis moldam o comportamento humano — e como traduzi-las em experiências digitais que realmente conectam com a mente da nova geração.
Fonte: GWI