No universo do UX Design (Design de Experiência do Usuário), compreender os fatores psicológicos que moldam o comportamento humano é essencial para desenvolver produtos mais estratégicos e eficientes.
Além de mapear objetivos, frustrações e motivações dos usuários, é necessário considerar também os estudos clássicos da psicologia que revelam como certas dinâmicas cognitivas influenciam decisões e interações.
O que é o Efeito Zeigarnik da Psicologia?
O Efeito Zeigarnik, nomeado em homenagem à psicóloga russa Bluma Zeigarnik, propõe que tarefas inacabadas ou interrompidas tendem a permanecer mais vivas na memória do que tarefas completamente finalizadas.
Essa teoria surgiu após uma observação prática: garçons conseguiam lembrar detalhes de pedidos de mesas que ainda não haviam fechado a conta, mas esqueciam rapidamente os detalhes de pedidos já finalizados.
Então, intrigada, a cientista e psicóloga Zeigarnik conduziu experimentos que comprovaram a existência de uma tensão cognitiva específica enquanto uma tarefa está incompleta.
Como a tensão cognitiva afeta o comportamento dos usuários e UX?
Durante a execução de uma tarefa, a mente humana cria uma tensão interna que facilita o acesso às informações relacionadas àquela atividade. Quando a tarefa é concluída, essa tensão desaparece, levando à diminuição da facilidade de recordação.
Essa dinâmica explica porque usuários tendem a lembrar mais facilmente de processos não finalizados dentro de uma jornada de uso de produto digital.
Em termos de psicologia aplicada ao UX Design (Design de Experiência do Usuário), esse fenômeno se torna uma poderosa ferramenta para estimular o engajamento contínuo.
Como aplicar o Efeito Zeigarnik no UX Design
1. Uso de indicadores de progresso
Visualizar a incompletude de uma tarefa reforça a tensão cognitiva necessária para manter o usuário engajado.
Exemplos de indicadores de progresso na interface do usuário (UI):
- Barras de progresso
- Círculos de conclusão parcial
- Checklists
- Indicadores de etapas
Esses elementos são recursos fundamentais para lembrar o usuário de que há ações pendentes. Por exemplo, o modelo inicial do Fitbit usava cinco pontos para representar metas diárias de passos. A visão clara da meta parcialmente atingida estimulava o esforço para completar a jornada.
Outro exemplo eficiente é o Google Calendar, que utiliza círculos incompletos para representar tarefas em andamento, aplicando visualmente o Efeito Zeigarnik.

2. Interrupções estratégicas em produtos educacionais
Produtos digitais focados em educação podem se beneficiar da aplicação consciente do Efeito Zeigarnik ao planejar pausas durante os módulos de aprendizagem.
Interromper uma sessão no meio, em vez de ao final, prolonga a tensão cognitiva, aumentando a retenção de informações e favorecendo o retorno do usuário ao conteúdo.
3. Estruturar tarefas complexas em partes menores (técnica de Chunking)
Quando o design de experiência organiza tarefas complexas em etapas visíveis e sequenciais, facilita a sensação de progresso e evita a desistência. Essa fragmentação mantém o nível de motivação elevado e reduz a sobrecarga cognitiva, favorecendo uma jornada fluida e orientada à conclusão.
No contexto de psicologia aplicada ao design estratégico, esses micro-engajamentos são essenciais para manter o usuário imerso e comprometido com a plataforma.
Benefícios cognitivos e estratégicos da aplicação do Efeito Zeigarnik no UX Design
Ao utilizar o Efeito Zeigarnik de maneira ética no UX Design, é possível:
- Aumentar o tempo de permanência em plataformas digitais;
- Estimular a conclusão de processos e tarefas;
- Reforçar a sensação de conquista e progresso;
- Aumentar a retenção de usuários e fortalecer a experiência emocional positiva.
Compreender a tensão cognitiva associada a tarefas incompletas transforma a maneira como jornadas de usuários são construídas, elevando a eficiência e o impacto das experiências digitais.
Conexão com Estudos Avançados sobre Vieses Cognitivos
Para profissionais de design, marketing e negócios digitais, que desejam aprofundar a compreensão sobre como vieses cognitivos moldam o comportamento de usuários no design estratégico, a leitura do livro “Enviesados”, best-seller de Rian Dutra, é altamente recomendada.
Conclusão
Integrar conceitos da psicologia aplicada ao design, como o Efeito Zeigarnik, é uma estratégia essencial para construir experiências de usuário mais envolventes, intuitivas e eficazes.
Utilizar vieses cognitivos de forma ética no UX Design (Design de Experiência do Usuário) não apenas aprimora os resultados de negócios, mas também respeita e valoriza a natureza humana, fortalecendo vínculos genuínos entre usuários e produtos.
Texto adaptado de https://uxdesign.cc/psychology-in-design-the-zeigarnik-effect-a59317503f8f