O poder da Tecnologia Persuasiva para o Design de Experiência do Usuário (UX Design)

O que torna a Tecnologia Persuasiva tão potente

E.O. Wilson, o aclamado “Pai da Biodiversidade”, afirmou: “O verdadeiro problema da humanidade é que temos emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologia divina”. Essa mistura intrigante apresenta um desafio fundamental para a humanidade: enquanto nossas emoções ainda refletem a idade da pedra, o avanço incessante da nossa tecnologia tem um impacto profundo nos nossos limites cognitivos.

As grandes empresas de tecnologia muitas vezes operam sob a convicção de que seu papel é meramente satisfazer os desejos dos usuários, adotando uma postura aparentemente neutra com relação à influência da tecnologia na sociedade. Essa perspectiva permeia o campo do UX design, moldando as decisões dos designers. Contudo, talvez seja o momento para uma mudança de mentalidade — uma nova abordagem que vá além de apenas atender aos interesses dos usuários e considere as vulnerabilidades inerentes ao ser humano.

Aqui entra em cena o conceito de tecnologia persuasiva, uma força poderosa projetada para acessar nossos cérebros e sutilmente nos levar em direção a comportamentos específicos. Maèva Flayelle e seus colegas examinaram a taxonomia de estratégias viciantes, tais como:

  • Gatilhos personalizados: notificações desenvolvidas com elementos como vibrações, zumbidos, pontos vermelhos ou luzes piscantes imitam sinais de perigo, atraindo-nos de forma inteligente de volta aos aplicativos para mais interação.
  • Cronogramas de reforço: recursos de design como a rolagem infinita, que nos mantêm continuamente envolvidos. Ou o fascínio por novos comentários ou “curtidas”, que desencadeia uma necessidade compulsiva de monitorar constantemente as atualizações em busca de sensações de prazer e recompensa.

Tecnologia Persuasiva para UX Designers

Os UX Designers podem não ter controle sobre como e quando novas tecnologias são disponibilizadas ao público, mas a compreensão do funcionamento do cérebro humano lhes possibilita influenciar a velocidade de adoção de novos aplicativos e perspetivas. A experiência que eles criam pode gerar uma contágio simples ou complexo.

Segundo Timothy Wilson, embora nossos cinco sentidos sejam bombardeados com cerca de 11 milhões de informações a todo momento, nossa mente consciente só consegue processar 40 delas. Para gerenciar esse fluxo gigantesco de informações, o “segurança do cérebro” determina o que entra em nossa consciência. A atividade nesta região é inversamente correlacionada com o armazenamento desnecessário, filtrando informações consideradas menos relevantes.

Nesta economia da atenção, uma gama de “empurrõezinhos” (“nudges”) invisíveis consegue driblar nossa mente consciente e acessar diretamente nosso sistema límbico – frequentemente chamado de cérebro primitivo. Esse fenômeno, conhecido como sequestro emocional, faz com que nossas emoções e instintos tenham precedência sobre a tomada de decisões racionais.

Quando aprendemos algo novo, nosso cérebro forma conexões sinápticas, criando caminhos neurais que favorecem um processamento mais eficiente. Esse mecanismo adaptativo é muito útil para preservar energia e poder de pensamento quando uma ação se torna rotineira. Apesar de vantajosa em determinadas circunstâncias, essa “competência inconsciente” também se manifesta em nosso comportamento digital, conduzindo a navegações sem objetivos e hábitos improdutivos.

Conclusão

Inúmeros produtos digitais têm demonstrado como nossa interação com uma tela pode moldar nosso comportamento, pensamentos e visão sobre o mundo. Eles são projetados para serem como uma droga repleta de caminhos de recompensa baseados em potência, quantidade e variedade.

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