A UX do som: projetando com experiências sonoras

Começamos o dia com o alarme do despertador. Ao longo dele, escutamos nossas músicas preferidas, nos informamos com as notícias no rádio e nos comunicamos com outras pessoas. E no final do dia, um clique sutil do interruptor de luz. Ou seja, o som é parte fundamental da vida cotidiana.

No entanto, quando descrevemos aplicativos e sites que utilizamos, geralmente nos referimos à sua aparência, não ao seu som. Embora possa ser tão relevante para a Experiência do Usuário quanto o visual, o aspecto auditivo sempre foi relegado a um segundo plano pela indústria do Design. Uma implementação apropriada do som pode acrescentar um valor significativo aos usuários, enriquecendo a sua experiência para além do que é perceptível visualmente.

Apresentaremos alguns casos em que projetar com áudio é especialmente importante:

1 – Feedback

Tradicionalmente, o áudio é empregado como um mecanismo de feedback durante a interação dos usuários com os dispositivos, através do Sound Design (Design de Som). Em sua forma mais básica, pode ser um resposta sonora quando o usuário pressiona um botão. Esse recurso é utilizado em diversos dispositivos do dia a dia, como telefones celulares, automóveis, brinquedos, entre outros.

Por exemplo, quando um usuário pressiona uma tecla numérica no teclado de discagem do iPhone, o smartphone emite um som e exibe o número correspondente.

O som é um artifício valioso no Design de dispositivos vestíveis e IoT (Internet das Coisas). Como muitos deles possuem uma tela limitada ou até mesmo nenhuma, o som é a melhor opção para fornecer feedback aos usuários.

2 – Notificações e Avisos

Quando ouvimos um som, é difícil ignorá-lo. O som retira os usuários de seu contexto e exige atenção imediata, uma particularidade que pode ser explorada na criação de interfaces.

Por exemplo, escutamos um “ding” ao receber uma mensagem no smartphone. Fora do mundo digital, temos o sinal sonoro do micro-ondas que nos avisa quando a comida está pronta.

O som é utilizado para orientar os usuários em situações críticas ou mesmo para evitá-las por completo, podendo ser um importante aliado quando executam determinada ação. Por exemplo, o som de um Assistente de Estacionamento (“Park Assist”) alerta o motorista de que ele está se aproximando demais de um obstáculo.

Também podemos citar que, através de um som, somos lembrados de carregar nossos dispositivos quando a bateria está quase no fim.

As notificações de áudio são particularmente úteis em situações nas quais não é possível ou desejável olhar para a tela. Um exemplo comum é o sistema de navegação por voz em carros, que ajuda a manter o foco do usuário no mais importante: a direção.

Em relação a dispositivos vestíveis, o som pode ser utilizado não apenas como feedback, mas também como notificação. Por exemplo, por meio de lembretes de áudio, um monitor de atividade física pode instruir os usuários a realizar tarefas diárias ou registrar sua pressão arterial, contribuindo para alcançarem suas metas de saúde e bem-estar.

3 – Branding

O áudio também pode ser empregado com propósitos de branding, aplicando som e música exclusivos para transmitir a essência de uma marca. Empresas como Apple e Microsoft possuem sua própria identidade sonora que, só de ouvi-la, somos capazes de reconhecer a marca.

4 – Personalização

O áudio consegue personalizar ainda mais um produto, o que ajuda os usuários a criar uma conexão emocional com ele. A Siri da Apple, por exemplo, aprende o nome do usuário e o utiliza em suas respostas, adicionando um vínculo pessoal à interação. O áudio proporciona aos usuários uma experiência mais humanizada.

5 – Interfaces Acessíveis

Um Design acessível é sinônimo de um bom Design. O áudio representa uma ferramenta poderosa na criação de experiências com acessibilidade. Há casos em que o Design com áudio se torna uma necessidade, não apenas um complemento. Por exemplo, quando a maioria dos usuários forem idosos. O feedback de áudio fornece uma forma crucial de confirmação para pessoas acostumadas com teclados físicos ou pouco familiarizadas com a tecnologia de tela sensível ao toque. O áudio é imprescindível para indivíduos com visão comprometida e que percebem melhor as informações pela audição.

Contudo, vale ressaltar que o som não deve ser o único meio de identificar instrução ou ação. As equipes de Design precisam conhecer as Diretrizes WCAG 2.2 e levar em conta a tecnologia assistiva nos projetos.

Dois aspectos para considerar ao incorporar áudio no Design

Projetar com áudio envolve duas questões fundamentais: quando usar som e que tipo de som escolher.

Utilizar som somente quando ele for útil

Efeitos sonoros desnecessários em sites e aplicativos aborrecem os usuários. Som ou música inesperada é o problema que os usuários mais costumam associar ao conteúdo de áudio. Uma introdução sonora de maneira súbita não apenas atrapalha, como pode estragar completamente a experiência dos usuários. Suponha que um usuário esteja navegando por sites em um ônibus lotado de passageiros. De repente, ao acessar determinada página, uma música alta começa a tocar pelos alto-falantes do dispositivo. Diante dessa situação, é bem provável que ele saia imediatamente do site.

O som indesejado pode ser invasivo e irritante. Para apresentar adequadamente o conteúdo de áudio aos usuários, é essencial uma compreensão profunda do público-alvo, suas expectativas, necessidades e contexto no qual interagem com o produto.

Escolher o tipo correto de áudio

Além de encontrar ocasiões em que o som possa melhorar a Experiência do Usuário, também é primordial escolher um som apropriado.

O som deve ser projetado de modo que o usuário entenda intuitivamente o seu significado. Por exemplo, no aplicativo Mensagens para iOS, quando os usuários enviam uma mensagem de texto, o som de confirmação do envio expressa claramente a ação, sugerindo um movimento para longe do usuário.

Texto adaptado de https://fireart.studio/blog/the-ux-of-sound-designing-audio-experiences/

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